quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O NINJA BIRDWATCHING

 Birdwatching = Observador de aves...

Em uma das passarinhadas, para ser preciso, ocorrida em 09 de maio de 2014, no Parque Ecológico da Pampulha, onde fomos o Thiago, Almir e eu, quase morri de susto. Para quem não sabe e possa ter, mais ou menos, uma ideia dos "fatos", é que eu sou portador de um leve (digamos assim) problema cardiovascular. E, nesse caso, os sustos ficam um pouco mais complexos... Então, quando digo: Quase morri, apesar dos exageros, seria algo, digamos, plausível (rsrs).

- Linda flor que fica na segunda entrada do Parque Ecológico.

Este é mais um causo de passarinheiro. Mas, um causo acontecido! Portanto, que tudo é verdade, isso lá é! (rsrs) Aconteceu mesmo e foi "tar" e "quar"...

Nas passarinhadas, acontecem muitas coisas... Umas, interessantes; outras, engraçadas... Aqueloutras, surpreendentes! Para se ter uma noção, nesta passarinhada, em particular, vimos um sabiá-do-campo cantando qual um rouxinol... Heim?!... Quê!... De onde saiu isto?! Rouxinol?.... Onde?... Não, não. Nada haver! Cantava, qual um cardeal. Ah, sim... cardeal... Verdade, verdadeiríssima! Imitava o Cardeal a tal ponto que Thiago e eu pensamos fosse o próprio e ficamos ali, um tempinho, tentando descobrir onde estava escondido o dito cujo... Mas, cadê?! Cardeal, nada! Porém, esta é outra história. Um dia, eu conto! (rsrs)


- Sabiá-do-campo, o dito cujo imitador. No link a seguir, você poderá ver e ouvir o dito em sua imitação... o som está um pouco baixo, mas com um fone dá pra ouvir: https://www.flickr.com/photos/carobrod/53268402911/in/dateposted/

Muito bem, tudo começou assim: Hoje, fomos dar uma rapidinha! Calma gente! O pessoal hoje estão apressados!... Uma passarinhada rapidinha! (rsrs) Ou seja, chegamos mais tarde, porque, normalmente, a gente madruga, isto é, chegamos no local por volta das seis e trinta a sete horas... E, sem muita hora para sair... O que pode acontecer de ser mais cedo ou mais tarde, geralmente, ficando em torno do meio-dia. Ok!

- Pequeno riacho que marca a divisa do parque. Na outra margem, já é o parque.

Então, foi o Almyr, Thiago e eu no Parque Ecológico da Pampulha, Belo Horizonte, flagrar o cardeal. Ficamos sabendo que ele tem sido visto por lá... Bom, pra encurtar... O Almyr já estava indo embora, teve de sair um pouquinho antes, quando vejo o Thiago, literalmente, trepando por uma pontezinha que passa por cima de um pequeno riacho que traça os limites do parque, máquina apontada e cliques correndo à solta. Ainda mais porque ele coloca no modo burst, isto é, disparo continuo, porém, para mim, é modo metralhadora! Sim, isto mesmo, porque o negócio parece uma metralhadora metralhando: Rá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.............. (rsrs)

- Cardeal, Paroaria coronata (Miller, 1776), que fomos, especialmente, fotografar.

Retomando a história, ele estava distante uns 150 metros de mim. Enquanto, acenava: Carlos, vem cá. Tá aqui! E apontava para o tablado da ponte. Com aquela algazarra toda, fui lá ver. Afinal, se eu não fosse, com toda aquela "gritaria" e gesticulação (rsrs), o bicho iria embora, com toda certeza!

No entanto, fui pensando: Até eu chegar lá, o passarinho já deverá ter ido embora... Mas, deixa eu ir. E lá fui eu!... Vai que dou sorte! E fui! Quando me aproximo, o Thiago apontando para baixo, para o chão, me diz: Tá lá, tá vendo?! Olhei e vi! O cardeal estava no solo, catando uma coisa e outra! Mas, estava atrás de um vidro, na verdade, um plástico translúcido esverdeado que serve e faz as vezes de muretas da ponte. 



- Visão frontal da ponte mencionada.

- E aí, não vai bater fotos não?! 

- Ah, Thiago! Ele está atrás do vidro... Respondi, meio desanimado!...

- Quer passar para o outro lado, então?! Na animação do companheiro, sorri comigo mesmo, pois nada demovia o meu amigo de sua empolgação!

- Uai, aí, é uma boa, heim, Thiagão?! 

- Então vamos?! 

Comecei a me mexer, para sairmos, na realiade, descermos da ponte e ir em direção ao outro lado, dando a volta por uma construção, que fica ao lado de dita ponte, servindo de portaria de entrada para o parque! Quando estava me virando, o Thiago naquela pressa toda.... Não se apercebeu da altura em que se encontrava. Então.... Só ouvi aquele barulhão... Levando um baita susto, me virei, bruscamente, para ver o que estava acontecendo. E foi aí que vi! Quer dizer... Somente tive tempo de ver o Thiago dando uma cambalhota por cima do pescoço e rolando na grama... E tal movimento, pelo que perpassou nas minhas lembranças, só tive oportunidade de apreciá-lo nos tatames de Judó, quando os frequentava na mocidade... Aí, fiquei mais assustado ainda com a nova descoberta: Cara, o cara é ninja!!! 

- Rapaz, você se machucou?! Está bem?! (Imagino a cara com que eu estava: De susto e de surpresa!...)

- Não, não, tudo bem... Está tudo bem...

- Tem certeza, Thiago? Você deu uma cambalhota por cima do pescoço!!!

- Não, não, está tudo bem... Faço assim para não me machucar... 

- Ahhhhh!!!

Enquanto isto, pensava, cá com meus botões: Pô, esse cara é ninja mesmo! E o amigo se levantava, tão rapidamente quanto rolou por cima da cabeça, e saiu mancando um pouco... Sacodindo as poeiras da calça... E eu: Tem certeza mesmo que está bem?! 

- Tenho, está tudo bem mesmo! 

Fiquei ali, um tanto quanto estático, revendo aquela cena inusitada: O Thiago dando uma cambalhota por cima do próprio corpo, com a mão e braços voltados para cima, segurando a máquina para não deixá-la bater no chão... E eu pensando: Fotógrafo é isso, perde a vida, mas não perde a máquina! (rsrs) E o Thiago me chamava a atenção, tirando-me da estupefação momentânea: Como é Carlos, vamos?! Vamos?!


- Príncipe, Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) - sexo: Macho; idade: Adulto.

Logo após, refeito do susto: Tanto daquele barulhão que terminava em filme do Karaté-Kid, como da queda em si (na verdade, não sei se me assustei mais pelo barulho, ou se por ver o amigo dando uma cambalhota mortal, caindo e rolando na grama... Ou se fiquei pasmo por descobrir a veia ninja do amigo! (rsrs) Deste modo, não sabia se corria para acudi-lo, na realidade, não deu nem tempo para isto, pois do mesmo modo que ele rolou na grama verde, se levantou super-rápido), me veio aquele acesso de riso, mas quem disse que conseguia rir (obviamente, no carro, voltando para casa, fui rachando os bicos de tanto rir. Da lagoa até a garagem de casa. Não parava! Relembrava o ocorrido e caia na risada). Mas, lá não. Creio porque, no fundo, não totalmente refeito do susto, olhava para o Thiago assim... Sem acreditar que ele fosse ninja de verdade, que tivesse dado um salto mortal... Fiquei ali, parado, vendo ele limpar as terras das calças... E... quanto ao cardeal?! Ah é, e o cardeal?

Bom, acho que presenciando aquela confusão toda, ficou tão petrificado quanto eu mesmo! Paradinho no lugar! Sem mover nenhuma das peninhas de seu pequeno "corpitiuuu", por alguns instantes... (rsrs) Aproveitamos, e fomos até lá, dando para fazer uns bons cliques dele. Eu não consegui grandes coisas, acho porque fiquei tremendo pelo susto, pelas novas descobertas... e de vontade de rir... Mas, o Thiago conseguiu umas fotos show de bola do bicho!


- Linda flor com o Ninja Observador de pano de fundo. 



quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

DÁ PRA PASSARINHAR APENAS COM CELULAR?...

Uma pessoa conhecida a qual convidei a sairmos numa passarinhada me disse que não dava por não ter nenhum equipamento. A sua resposta originou um interessante debate entre nós. Afinal, o que é observar aves, o tal do birdwatching, e o que é necessário?... (rsrs)

Bom, indo direto ao ponto... A princípio sim, é possível efetuarmos os registros das aves observadas com o celular. E na verdade absoluta, é possível observar as aves sem utilizarmos nenhum tipo de equipamento. Contando apenas com os nossos olhos e outros sentidos perceptivos. 

Quanto ao que seja necessário na observação das aves, isto dependerá em muito dos objetivos que você tem ou possui na ou com a observação. Sobre este aspecto, a observação de aves pode ser feita apenas por hobby, por lazer, por prazer, por estar na Natureza, para estudo, catálogo e uma infinidade de outras respostas. Em termos gerais, se você quiser contribuir, de algum modo, digamos, com a ecologia, o meio ambiente e etc, bastará anotar o local e o que foi observado (a espécie e etc).

Os observadores clássicos saem a campo munido apenas de uma caneta, um caderno e binóculos. E aqui, quanto ao aspecto anotação, já entra o celular ou smartphone. Pois é! Se você tem um, para que levar caderno e caneta? O celular substituirá perfeitamente estes dois itens. Particularmente, já faço isto praticamente desde o início, na minha primeira saída. Vi o pessoal anotando em caderno e pensei ser uma boa ideia para guardar os nomes dos bichinhos que vi, porque, posteriormente, dificilmente me lembraria deles, até mesmo por ter zero conhecimento a respeito. Então, como não tinha estes materiais à mão, lembrei-me do dito cujo celular e voilá! Maravilha, ele tem me ajudado muito desde então!

Tá, mas, além disto, dá para passarinhar apenas utilizando um celular?...

Acredito que já respondemos parcialmente. Então, vamos ampliar um pouco mais a resposta.

Mais uma vez, irá depender muito de seus objetivos: Você quer apenas fazer um registro fotográfico do que foi observado? Ou quer tirar aquela foto?...

Em muitos casos, apenas para registro, o celular poderá contribuir sim em muitas situações. Obviamente, naquelas circunstâncias em que a ave está distante, não terá jeito. Mas, aves próximas, sim - claro! -, é possível. No entanto, será preciso mesmo afirmar que dependerá muitíssimo dos recursos de seu celular? Penso que tal fator seja óbvio por si mesmo. Porém, vale lembrar este fator para os mais apressados, contestadores, perfeccionista e/ou apaixonados... (rsrs)

Outro fator não menos importante a lembrar, na medida em que os recursos dos celulares vão aumentando: Número de megapixels, definição de imagem, recursos óticos, tais como zoom e etc as fotos obtidas também vão melhorando exponencialmente. Permitindo cortes maiores na edição, o que propicia uma aproximação do objeto fotografado sem tantas perdas de qualidade e etc... Hoje, com os celulares tops das marcas, você conseguirá excelentes resultados de aves como bem-te-vi, pardais, joão-de-barros e outras aves mais quietas e menos ariscas.

Então, sim, dá para passarinhar com o celular. Agora, se você quer aquela foto top de uma ave que está a 300 ou 500 metros de distância, aí, meu amigo/amiga, às vezes, nem com câmeras tops você conseguirá obtê-la por depender de muitos fatores. Claro que com uma câmera top, com uma lente top, as chances de você conseguir aquela foto são de 97%... Mas, neste caso, já viu os preços de tais câmeras e lentes?... Pois é!

Se for falar de aves que ficam em matas, onde as sombras têm peso grande e etc, a fotografia mesmo com câmeras caras não é tão simples e fácil. Portanto, nestas circunstâncias, se a ave até estiver perto e você conhece muito bem os recursos de seu celular, poderá até conseguir alguma coisa. Porém, aquela foto... Só com muita sorte e uma vez na vida!

Resumindo...

Dá para passarinhar apenas efetuando as observações a olho nú, isto é, sem nenhum tipo de equipamento. Dá para passarinhar  utilizando apenas binóculos e outros equipamentos do tipo: Tais como binóculos especiais para observação de aves. E, claro!, é possível sim utilizar o celular na observação de aves, seja gravando o canto, o pio etc das mesmas, ou o utilizando para ou como play back, onde utilizamos o chamado/canto das aves para atraí-las para mais perto de nós. E enfim, seja o utilizando para efetuar registros. E, mais uma vez, a depender das circunstâncias, poderemos até vir a conseguir uma boa e/ou, quiçá, excelente foto.

Também, é possível passarinhar utilizando câmeras compactas, superzoons (bridges), Mirrorless, DSLRs... Bem como câmeras e lentes de todos os tipos e preços. Nem precisaria dizer, mas, quanto melhor o equipamento, maiores serão as chances de uma boa foto. Porém, vale lembrar que o equipamento por si só não vai nos proporcionar fotos tops. Para tanto, teremos de dominar não somente a fotografia em si, bem como o equipamento, isto, sem mencionarmos a importância da edição no final de todo o processo. Edição para a qual nem todos atentam...

No final das contas, o que é mais importante? Efetuar os registros? Se encontrar na Natureza? Estar com os amigos?... Fazer uma boa foto?... Afinal, qual é o seu objetivo ou múltiplos objetivos...

É isso!






quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O CONTO DO CANTO DE UM PELE-VERMELHA

Minhas amigas e amigos, hoje, estaremos trazendo um canto poético em longos versos, de alguém tomado como incivilizado, inculto, silvícola... Mas, ouvindo-o, fico a pensar: Quem, na verdade, é quem?!

Flor silvestre...

O texto diz tudo por si mesmo. Diz aquilo que nós mesmos gostaríamos de ter dito, por perpassar também a nossa alma. Por calar fundo em nosso coração! Talvez, coração este, movido por ternos resquícios de lembranças dos tempos em que estivemos entre eles e em que fomos um deles... Fomos e somos, irmãos de coração, de sangue e de ideias...

Também nós, não saberíamos viver em um mundo no qual não existisse o coaxar dos sapos, os zumbidos dos grilos... o tamborilar da chuva... O farfalhas das folhas, acariciadas pelo vento!
Também nós, não saberíamos viver em um mundo no qual não existisse o canto dos pássaros, o rufar dos animais nas pradarias, matagais ou selvas; a melodia das águas correndo ligeiras por entre as pedras...

Não desejaríamos um mundo como Marte, ou Vênus... Talvez, por isto mesmo, o nosso Espírito tenha optado pela joia azul do Sistema Solar... que não estamos sabendo valorizar e respeitar devidamente... Uma lástima, cujo preço nos será bem caro! Disto, temos certeza!!!

garça-branca-pequena, Egretta thula (Molina, 1782). 

Bom, o texto a seguir, foi escrito por volta de 1854, e é atribuído ao cacique Seattle em resposta ao então presidente norte-americano Franklim Pierce (1804-1869), que desejava comprar as terras indígenas. Apreciem-no com vagar, pois nos traz muitas reflexões interessantes:


"O ar é precioso 
para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao seu próprio mau cheiro...

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós decidirmos aceitá-la, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. O que é o homem sem os animais? Se os animais se forem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, em breve acontecerá com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum, é possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos (e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que lhe deem. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e ferí-la é desprezar seu Criador.

Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa ideia nos parece, um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo.

A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho... Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados.

Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.

Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga, e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa...

Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda. Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo.

O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

- Versão encontrada no livro de Ângelo Inácio, Aruanda, e psicografado por Robson Pinheiro.



Flores, lagos e parques...




AMOR PELOS ANIMAIS E À NATUREZA, SERÁ MESMO?!




- Uma campanha pela consciência ambiental.

- Abelha procurando pólen em uma linda flor silvestre...

Amigos, hoje, em vez de agraciá-los com um legítimo causo, gostaria de concitá-los à reflexão de uma estória que acredito ser fundamental para todos nós, seres viventes que somos do mundo Terra.

Na verdade, este é um causo sério, no qual deveríamos nos debruçar para refletirmos um pouco. Refiro-me à questão supra mencionada, diante da qual, vemos a quase totalidade da humanidade (fenômeno que ocorre em todas as latitudes do globo) aprisionando animais em apartamentos, casas, gaiolas e viveiros, quer retirando-os ou estimulando a extração dos mesmos de seu habitat natural, alegando amor, carinho e mais outros tantos absurdos sem nexo. Triste, mas é a realidade!

Amor é liberdade! Quem ama de verdade não busca, em momento algum e seja sob quais alegações forem, tolher o direito de ir e vir, ou a liberdade, ou quaisquer um dos outros atributos ou condições do ser ou daquilo que se vê transformado no objeto/alvo do seu "amor".

Quem aprisiona, prende, caça os direitos inalienáveis do ser, seja ele humano, animal, vegetal ou qualquer outro, de fato: NÃO AMA!

Saí-andorinha e Canário-da-terra-verdadeiro, lado a lado. Não os vi brigando ou repudiando-se.

Na verdade e na realidade, ele busca é satisfazer suas questões pessoais, muitas vezes, doentias, distorcidas, vaidosas, financistas ou, mesmo, carenciais. Ainda mais nos dias que correm, onde temos perdido a capacidade e a competência de convivermos uns com os outros... Então, recorremos à subjugação daqueles que não possuem voz para gritar por seus direitos e nem consciência suficiente para lutarem por mudanças outras...

Por conseguinte, qualquer um que prende animais, ou os mantém sob algum tipo de cativeiro, não é ambientalista, NÃO AMA a Natureza e, muito menos, os animais. Como disse e repito: Na verdade, tais pessoas gostam mesmo é de aparecerem, são apaixonadas por suas próprias vaidades, quando não são portadoras de questões mais complexas nos campos emocionais ou psicológicos...

Um observador de aves apreciando as aves e a Natureza na Serra da Piedade.

Se você ama a Natureza e os animais, então, faça alguma coisa para auxiliar a mantê-los livres, a preservar seus habitats, a permanecerem onde nasceram: Na Natureza, lugar no qual poderão desfrutar e viverem as questões próprias de sua condição evolutiva.

Mas, diz você que gosta tanto deles, ao ponto de querer vê-los, observá-los mais proximamente... Então vá, até onde se encontrem. Leve uma máquina fotográfica, uma filmadora... um binóculo, o celular, ou nada (simplesmente: a sua pessoa), e, os apreciem ali, através da arte da observação ou das tecnologias mencionadas, nas atividades próprias à sua condição e ao seu estado. Porém, sem interferir - de modo algum - em seu ambiente ou em suas atividades!

Esforcemo-nos no exercício do respeito a todos seres viventes e seus habitats! Busquemos não retirá-los e nem alimentar os que atuem deste modo, arrancando-os de seu ambiente natural e do seu lugar de origem, apenas para termos satisfeitos as nossas carências. Lamento ter de falar assim, mas, no fundo, é a mais pura verdade!

Vamos refletir sobre as ponderações aventadas e sobre a nossa postura e a nossa conduta diante delas. É um convite que lhes faço!


_______________________
ADENDO: Quando a Terra e sua humanidade chegarem ao status de Mundo Evoluído, não existirá mais nenhum ser vivente prisioneiro, independentemente de quais sejam as alegações. Nesta era, tanto os racionais quanto os irracionais, viverão em plena e total liberdade, cada qual, desfrutando da condição própria ao estado evolutivo que se encontrarem. O único diferencial existente, será: os seres racionais respeitarão e farão de tudo para auxiliar o progresso dos irracionais; no entanto, sem interferirem, de modo destrutivo, e, sem mantê-los aprisionados ou sob quaisquer restrições, coações ou subjugações!

A humanidade terráquea, com toda certeza, chegará lá. Porém, espero, que até lá, ainda exista algum sobrevivente ou lugares onde possam desfrutar suas vidas. Porque, do jeito que estamos caminhando... destruindo tudo à nossa volta... não sei não!...

Flor silvestre...


domingo, 28 de fevereiro de 2016

AS BOTINHAS DO SUCESSO !

Esta estória é diferente. Já ocorreu há muito tempo... Ela é cheia de charme, tem seu início poético e como acontece, nas reviravoltas da vida e das passarinhadas, e, mesmo nos sons do cantar dos pássaros, em seus tons e semitons, tem seus revolteios!

- Amanhecer em Curvelo/MG.

E assim começamos: Era um vez... Há muito tempo, lá pelas bandas de Curvelo/MG, houve uma passarinhada. Foi na área de cerrado, e, olha, nem vou lhes contar, pois ela foi da pesada! Com a ajuda do Márcio e apoio da irmã querida, fomos passarinhar. Fomos ver arara-canindé e até tié-caburé! Flagramos ainda: Mineirinho(1), baiano e cabloquinho(2). Era tantos passarinhos que ficamos doidinhos!


- Tiê-caburé, Compsothraupis loricata (Lichtenstein, 1819).

- Araras-canindé, Ara ararauna (Linnaeus, 1758).


Mas tudo começou assim: Chegamos bem cedinho e saímos a passarinhar, sob um sol de lascar! A tardinha chegaram mais dois, e à noitinha, outros dois, formando um sexteto. No entanto, completando a banda passarinheira da ECOAVIS, no dia seguinte, mais um, a nós veio se ajuntar. Então, lá fomos nós, alegres e cantantes, várias aves avistar.

- Corrupião, Icterus jamacaii (Gmelin, 1788).

Sempre que saíamos, lá perto daquela porteirinha, uma amante vinha nos encontrar. Era a barregã do companheiro! O único problema dela é que espantava os passarinhos e as jaçanãs! (3) Sim, sim! É a verdade mais pura! Se não me creem, podem irem lá, perguntar para as cancãs!

- Gralhas-cancã, Cyanocorax cyanopogon.

Essa amásia era adorável... Por isto creio que depois deste passarinhar, o nosso companheiro vai apanhar! Mas, não podia deixar de uma homenagem lhe prestar!


- Companheira inseparável do Márcio. Por isso a apelidamos de amante do mesmo. O único problema é que ela ia à frente espantando os passarinhos... (rsrs).



- Baiano, Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823).

- Bichoita, Schoeniophylax phryganophilus (Vieillot, 1817).


No sábado bem cedinho, na companhia de Augustim, tivemos uma festa de fim-fim... (4) mas, mato mesmo, lá, era beija-flor: Bico-curvo, garganta-verde (5), peito-azul e ainda tuim! E foi aqui que começou a nossa historieta!

- Tuim, Forpus xanthopterygius (Spix, 1824).

Levantamos, tomamos rapidamente um generoso café... Corre pra cá, pega as máquinas de lá, vestimo-nos na correria. E nos encontramos logo depois daquela enorme varanda... E os beija-flores já se encontravam voando pra lá e pra cá! E o que vemos?! Vocês não vão acreditar, como os beija-flores também não acreditaram.

- Beija-flor-de-peito-azul, Amazilia lactea (Lesson, 1832).

Saindo lá de dentro, vimos aquelas charmosas, lindas, maravilhosas, fantásticas botas... Coloridas, floridas... indescritíveis... Tinham seu glamour, seu charme, seu brilho... Ficamos todos de queijos caídos e os beija-flores babando com os bicos abertos... Esvoaçaram, se empertigaram... Eram rasantes pra cá, zumbidos pra lá... Revoluteavam, dançavam por entre os alegres raios do sol nascente que reverberavam seus lindos raios não somente sobre suas asas, mas, também, iluminavam aquelas belas e floridas botas. Sim, floridas sim... Rosáceas, brilhantes, fascinantes botas!




E lá fomos nós, pela estrada afora, cantarolando nos ouvidos uns dos outros acerca daquelas pisantes lindas, exuberantes, que deixavam cair suas pétalas por onde passavam! E os pássaros?! Oras, era um olho neles e o outro? Bem, não sabíamos por onde estes andavam; mas, as línguas, estas, sim, se encontravam: Nas lendárias botas. Onde os beija-flores, vinham verificar! E verificavam tanto que alguns saiam com os bicos-curvos!

- Beija-flor-de-bico-curvo, Polytmus guainumbi (Pallas, 1764).


E nós?! Bem, falávamos e ríamos! E a dona das pisantes, sem jeito, na sua graça de menina, sorria e deixava passar nossas alegres brincadeiras.
- Baterei uma foto!
- De jeito nenhum; murmurava ela, em seu doce cantar!
- Mas, se eu contar, ninguém vai me acreditar!
- Que importa, ainda bem - não?!
- Nãããooo, claro que não!


- Fruto do umbu.


E, foi aí, no meio da algazarra, paramos estupefatos, acho que tanto quanto os beija-flores, pois diante de nós, de encontro àquele céu azul mavioso, tinha uma árvore... Não, não é melhor contar. Melhor mesmo é demostrar...




Mas, que saibam, no final... No final, foi uma belezura de passarinhada, onde novos laços de carinho, de amizades nasceram... E que elas perdurem em milhares de novas passarinhadas!

 




 


___________________________
Por questões de comodidade e mesmo falta de espaço para publicar todas as fotos das aves citadas, resolvemos colocar aqui um link, tanto para aqueles que não as conhecem, ou, bem como, para os que, caso queiram, terem a oportunidade de lhes apreciar as belezas:

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SOBRE A PÁGINA CAUSOS DE PASSARINHEIRO E OUTROS CONTOS...

Bem pessoal, este "cantinho" está nascendo em razão ao fato de, ao procurar um grupo ou página para publicar os nossos causos, não encontramos nenhum que se adequasse aos nossos relatos e estórias. Encontrei - é verdade - muitas páginas pessoais, então, pensei: Ué, porque não criar um espaço também.  

No entanto, se você tem um causo, ou caso, ou estória, nos envie que publicamos, igualmente, com os devidos créditos que você assinalar! Nossa caixa de mensagens do Face ou as daqui, do blog (Blogger), sempre estarão abertas! Tanto para comentários, perguntas ou dúvidas... Se pudermos responder, sem dúvida não faremos rogado!


Bom, eu não tenho muito tempo, assim, na medida do possível vamos postando alguma coisa e pretendemos, futuramente, "linkar" a esta página um blog... O que veio acontecer com a criação do presente blog de Causos e Contos...

Espero que vocês gostem do espaço, apesar da simplicidade de nossa linguagem e das estórias, mas que se divertam e ao mesmo tempo possam aprender ou apreender alguma coisa!  (rsrs)

São meus sinceros votos!